Martires (Martyrs, 2008)

Original: Martyrs

Ano: 2008

Pais: Franca

Direcao: Pascal Laugier

Roteiro: Pascal Laugier

Producao: Richard Grandpierre, Simon Trottier

Elenco: Anie Pascale, Catherine Begin, Emilie Miskdjian, Erika Scott, Gaelle Cohen, Isabelle Chasse, Jessie Pham, Juliette Gosselin, Mike Chute, Morjana Alaoui, Mylene Jampanoi, Patricia Tulasne, Robert Toupin, Xavier Dolan.

O filme começa com  a atormentada Lucie (Mylène Jampanoï ) fugindo dos seus algozes (numa cena memorável e angustiante) e acaba encontrando nos braços de Anna (Morjana Alaoui) um alento, e desde então se tornam amigas, com Anna ajudando a amiga traumatizada por terríveis momentos de tortura. No entanto Lucie traça seu plano de vingança. Anos mais tarde, planeja matar todos que participaram direta ou indiretamente da sua agonia... Entra na casa de seus torturadores e atira em todo mundo. O espectador fica chocado, porque não sabemos exatamente o que esta acontecendo e a cena derrama sangue pra todo lado. E a historia vai sendo apresentada aos poucos, com muito gore, desespero, brutalidade e tortura desenfreada.

 

Agora Anna, sozinha na casa dos "torturadores" que agora estão todos mortos, se depara com uma serie de armadilhas atrozes que deixam o espectador de olho vidrado na tela. Queremos entender a razão e a motivação pela qual Anna é capturada e acaba por sofrer os piores castigos, as piores torturas, da pior forma possível e inimaginável. No desenrolar do longa, o grupo que invade a casa e transforma Anna em prisioneira acredita que se uma pessoa é torturada, essa pode alcançar um nível de consciência de "quase-morte" ou seja, ainda consciente, poder entrar em contato ou ver o que haveria do "outro lado" tornando-se um "mártir" que significa "testemunha" em grego. E é isso que eles querem.

 

O cinema de terror/horror Frances vem se destacando a cada lançamento. O primeiro filme de horror Frances que assisti foi High Tension (Heute Tension, 2003) o que me deixou bastante impressionada com a intensidade e ousadia do horror frances, ate então não muito aclamado por terras brasileiras. Deixemos aquela forma de cinema de terror/horror americano cheio de clichês, mocinhas gritando e assassinos mascarados e entramos numa atmosfera mais densa e complexa, pois a narrativa não poupa esforços para te deixar de queixo caído, ou seja, não da pra respirar, é "paulada em cima de paulada".

Mártires é um filme difícil de digerir, não recomendado para pessoas sensíveis. Uma experiência bastante aterradora e não vai te deixar dormir por um tempo, porem altamente recomendado, tendo em vista a proposta da narrativa, os efeitos técnicos de maquiagem, de som e a mensagem social intrínseca, nos fazendo refletir sobre a morte, a religião e as agruras sofridas pela humanidade como um todo. Se você tem coragem e estomago forte, não perca Mártires.

Abraço!

Sarah Connor

E O Vento Levou (Gone With the Wind, 1939)

"Frankly my dear, I dont give a damn". Rhett Butler

Escrever sobre esse filme representa muito pra mim. Assisti em 1991 e nunca mais esqueci...se nao fosse pelos meus pais acho que nunca teria me interessado por tao grandiosa pelicula.

Todos os elementos, desde adaptacao, figurino, trilha sonora e elenco me enchem os olhos e o coracao ate hoje.

Baseado no livro da escritora Margaret Mitchells e lancado em 1936, o livro conta a historia de Kate Scarlett O`hara (Vivien Leigh) e sua familia. Todos vivem em harmonia em Atlanta e arredores, porem a Guerra Civil Americana eclode, trazendo fome e miseria para todos. Antes das batalhas, o mundinho de Scarlett se resumia a flertes, almocos ao ar livre e seu amor platonico por Ashley Wilkes (Leslie Howard), este noivo de sua prima Melanie (Olivia de Havilland). Em uma festa, conhece o gala-cafajeste Rhett Butler, que tenta de todos os artificios para conquista-la. Porem, seu coracao eh de Ashley! Ah!

Oh, Ashley...I love you!

Os rapazes sao convidados para a guerra, alguns retornam, outros sao mortos. E a partir de entao inicia-se a saga de Scarlett, que amadurece na marra em meio a destruicao de sua tao estimada Tara.

Com os Yankees avancando e tomando conta do Sul, ela precisa trabalhar na plantacao de algodao, bem como sua familia. 

"Oh Deus eu juro eles nao vao acabar comigo!"

O que me chama a atencao eh a qualidade e a grandiosdade da producao e sua envolvente historia. Vivien Leigh ganhou o Oscar de Melhor Atriz e Hattie MacDaniel eh a primeira atriz negra a ganhar um Oscar.

A forca de Scarlett, a transicao da adolescencia para a vida adulta "em meio as brumas", as dificuldades da do pos-guerra e a dor da perda em todos os sentidos fazem com que a personagem "mude" a visao que possui do mundo, mudando assim a si propria.

Scarlett eh o tipo de personagem que marca, ora com sua teimosia, ora com sua determinacao, e sua forca de sobrevivencia chegando ao ponto de roubar o marido da propria irma para salvar sua tao estimada Tara.

 

"A terra eh somente o que fica."

Nao tenho mais palavras para descrever grandiosa obra de arte que pra mim eh sem duvida o melhor filme de todos os tempos. Assista. Leia o livro e se apaixone por Scarlett.

Lanternas Vermelhas (Raise the Red Lantern, 1991)

China, 1920. Um senhor, quatro esposas e um destino.

Minha mae comentou sobre esse filme ha uns anos, um pouco antes de ter assistido o aclamado Adeus Minha Concubina. Comecei a pesquisar um pouco mais e a entender o cinema chines e suas raizes.

A historia dos filmes chineses inicia no seculo 19, e a partir da decada de 30 as producoes alcancam sua "decada de ouro". As disputas entre Nacionalistas e Comunistas refletem nas peliculas. Porem, com o final da guerra, o cinema chines foi dominado pelo Japao. Durante a Revolucao Comunista, a censura tomou conta das telas, ou seja, quase nada foi produzido.

Dirigido por Zhang Yimou (O Clã das Adagas Voadoras),Lanternas Vermelhas reflete a condicao feminina na decada de 20, regada de poucas oportunidades, pobreza e submissao. Logo no inicio Songlian (Gong Li, linda), questiona e ao mesmo tempo se entrega ao seu "triste destino". E qual seria ele?

Casar-se com um homem rico! Porem este ja possui 3 outras mulheres vivendo numa especie de castelo, cada uma com sua empregada e seu "quarto". As Lanternas sao acesas na frente da casa da esposa que ele passara a noite, gerando tensao a todo instante. Songlian inicia entao uma reflexao sobre o sistema das lanternas e das "massagens" que as escolhidas recebem nos pes. 

O que mais chama a atencao, ao meu ver, e a critica sobre o sistema de classes chines (ou mundial), o mundo feminino visto sob um angulo de opressao e submissao.

A fotografia e as cores usadas sao belamente combinadas representando as estacoes do ano, bem como o castelo ou casas monumentais que aprisionam as moradoras, dando uma sensacao de claustrofobia total.

Sem duvida, um filme para se refletir...

Informacoes Especiais:

Filme de 1991

Data de lançamento: 20 de dezembro de 1991 (França)

Direção: Zhang Yimou

Duração: 125 minutos Cine21

Elenco: Gong Li, He Saifei, Kong Lin, Jingwu Ma, Cuifen Cao, mais

Música composta por: Zhao Jiping, Naoki Tachikawa

Prêmios: Nicola Carraro, Prêmio BAFTA de Cinema: Melhor Filme Estrangeiro

O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final (Terminator 2, Judgment Day 1991)

Esse filme marcou um periodo pra mim. Periodo esse que meu pai estava em casa e alugavamos uma renca de producoes para assistirmos no fim de semana. Minha mae detestava os tiros e a violencia exacerbada. Ela dizia " - Vai assustar a menina!". Meu pai nao se intimidava e a cada dia estavamos atualizados sobre todas as bagaceiras da epoca.

1991 era o ano. E numa tarde de sol, depois de andar de patins nos corredores do condominio, ele chega com a sacolinha da locadora...O Exterminador do Futuro - O Julgamento Final era a surpresa! E que surpresa!

No inicio, fiquei atras da porta, espiando os creditos. Mas depois sentei no sofa e assisti a pancadaria do comeco ao fim! O enredo, os atores, a adrenalina, a violencia e os efeitos especiais surpreendentes ficaram na minha cabeca, pois era algo novo, surreal, divino! Vamos aos fatos:

Depois de falhar em tentar matar Sarah (Linda Hamilton) a Skynet envia um androide modelo T-1000 para matar John Connor (Edward Furlong). Em contrapartida, a resistencia envia um modelo T-101(o mesmo do primeiro filme, estrelado por Arnold S...rs) que foi capturado e reprogramado para proteger John. A maior brutalidade em T-1000 (Robert Patrick) é o fato de ser de metal liquido, podendo mudar de forma, além de ser bem mais dificil de destruí-lo.

 

Robert Patrick eh o imbativel T-1000

Aparentemente, a única forma de destruição é destroçando todo o metal de que é composto seu corpo. 101 salva John de um ataque e depois os dois vão atrás de Sarah que está em um manicômio. Durante uma conversa John revela que, depois dos acontecimentos do primeiro filme, ele e Sarah viveram na América Central, onde ela era amante de guerrilheiros para poder aprender táticas e ensinar a John.

Os 3 vão até um traficante de armas mexicano amigo de Sarah e se armam. Sarah rouba o carro e vai embora sozinha para a casa de Miles Dyson (Joe Morton) futuro criador da Skynet. Ela tenta, mas não consegue matá-lo a sangue frio. John e 101 chegam e revelam tudo a Dyson, e para provar que estão falando a verdade, 101 arranca a pele de seu braço revelando o braço mecânico. Dyson explica que a tecnologia que está sendo usada para criar a Skynet vem do braço do robô que tentou matar Sarah.

 

Mano, isso eh doido demais!

O braço que ficou de fora da prensa, tem um chip que resistiu. Os 4 vão até o laboratorio e abrem o cofre pegando o braço e o chip, além de armarem explosivos por todo o laboratório. Na hora de fugirem, Dyson leva uma saraivada de tiros nas costas e fica à beira da morte. Sarah, John e 101 fogem e Dyson morre com o dedo no gatilho do detonador. Assim que sua vida se estingue, ele solta o dedo e o laboratório explode. T-1000 aparece e vai atrás dos 3, que fogem para uma refinaria de aço. T-1000 destroi 101 e vai atras de John.

 Vou te pegar, filho da puta!

Eh uma historia bem confusa pra falar a verdade, mas eu nao estava nem ai. Adorava ver o T-1000 ressuscitando, correndo, dirigindo helicopteros e caminhoes e explodindo tudo! A cena de perseguicao onde ele dirige um caminhao atras de John eh sensacional! O fato de ele ser de metal liquido e nao morrer nunca da um medo desgracado, pois ele parece um zumbi de metal!

James Cameron (Titanic) eh o meu diretor de acao numero 1. Ele cria situacoes fantasticas, perseguicoes colossais e o fato de ele ter misturado maquiagem e computacao grafica deu ao longa uma originalidade que nenhum outro filme tipico de acao conseguiu. A batalha final entre os dois exterminadores e de deixar o coracao na garganta. Melhor, impossivel.

James Cameron, o genio da acao!

 

Esse cara eh doido!

BAD TO THE BONE!

Tenembaum

Lua de Fel (Bitter Moon, 1992)

- "Para ela, a visao da lua era amarga. Pra mim, doce como um pessego".

Eh com essas palavras e muitas mais que Oscar (Peter Coyote) narra suas aventuras e desventuras com a bela Mimi (Emanuelle Seigner).

Nigel (Hugh Grant) embarca num cruzeiro com sua esposa Fiona (Kristen Scott Thomas).O casal encontra Mimi (Emanuelle Seigner) e o paralitico Oscar (Peter Coyote). Oscar narra a Nigel sua historia com Mimi e o "dedicado marido" arruma desculpas para sua esposa, a fim de ouvir o desenrolar e o fim da narrativa.

Nao pretendo contar aqui todos os detalhes, mas o longa eh muito interessante e envolvente. Mimi, uma garota parisiense, se apaixona por Oscar, um escritor americano decadente. Os dois experimentam o sexo de forma irracional e intensa. Com o passar do tempo, Oscar se entedia e Mimi continua cada dia mais apaixonada. Ela passa a viver com o mesmo, e este a humilha e a destrata. Mimi engravida e ele a manda para Martinica, mas antes, paga um aborto. No fim, ela retorna, ele sofre um acidente (nao vou contar como ele fica paralitico, assista).

Dirigido por Roman Polanski (O Pianista) em 1992, o filme trata de forma avassaladora as relacoes de amor, odio e vinganca presentes nos coracoes humanos. Muitas mulheres, acredito eu, ja sentiram na pele a dor de nao ter um amor correspondido, a humilhacao, o ciume, o desgaste da relacao. Oscar desperta a mulher que havia em Mimi, ela era gentil e meiga, mas no final ela transforma-se. E a vinganca comeca.

 Mais linda, impossivel!

Dizem que eh um dos melhores filmes de Polanski e concordo plenamente. Ele consegue dirigir suspenses e dramas com maestria e pra quem nao sabe, Polanski era casado com a atriz Sharon Tate e esta foi morta pela gangue liderada por Charles Manson. Seus trabalhos mostram as desilusoes, os medos, as decepcoes, as frustracoes e de como somos frageis perante as fatalidades e as emocoes. Ao meu ver, somos "vitimas do contexto e da realidade", pois alteramos nossa personalidade em algumas situacoes. No caso de Mimi, esta era inocente e cheia de vida e Oscar, mais experiente, a envolve e a larga automaticamente:

- "Eu nao abandonei Mimi por uma mulher em especial. Eu a abandonei para ficar com toda a raca feminina". Que lindo, nao?

Nao tive pena em nenhum momento de Oscar, ela devolveu a dor com a mesma moeda. Aqui se faz, aqui se paga. Pois o amor e o odio andam na mesma direcao.



Tenembaum

Trailer de Lua de Fel (1992):

Informações Técnicas
Título no Brasil:  Lua de Fel
Título Original:  Bitter Moon
País de Origem:  França / Inglaterra / EUA
Gênero:  Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 139 minutos
Ano de Lançamento:  1992
Site Oficial: 
Estúdio/Distrib.:  Spectra Nova
Direção:  Roman Polanski